Na manhã de 28 de junho, Jeff Duaime apresentou a reflexão sobre Viver a Diversidade e a Interculturalidade, extraída do Capítulo 7 de Bagamoyo. A sua apresentação enfatizou o apelo urgente para cultivar comunidades interculturais como expressão viva do Evangelho num mundo dividido e polarizado. Baseando-se nos ensinamentos do Papa Francisco e na experiência global em evolução da Congregação, ele destacou como a formação espiritana e o compromisso missionário partilhado podem transformar a diversidade num testemunho de unidade cheio de graça. Esta apresentação convida os Espiritanos a abraçar a interculturalidade não como um desafio, mas como um dom e uma responsabilidade.
Num mundo marcado pela polarização, nacionalismo e tensão cultural, a Congregação reafirma o seu compromisso com a vida intercultural como elemento central da sua identidade e missão. O Capítulo 7 do Capítulo Geral de Bagamoyo II reconhece que promover comunidades interculturais é tanto um testemunho do Evangelho como uma necessidade na nossa família religiosa internacional. Como nos lembra o Papa Francisco em Fratelli Tutti, «somos chamados a construir pontes, não muros», encarnando a fraternidade e a solidariedade num mundo cheio de divisões e ferido pela hostilidade (FT 11).
O Papa Francisco, na sua encíclica Fratelli Tutti, adverte contra o ressurgimento de ideologias nacionalistas e excludentes. Ele exorta a Igreja a ser construtora de pontes e não de muros, encorajando as pessoas a oferecerem as suas vidas em solidariedade pela salvação de todos. Na sua mensagem de 2023 aos Espiritanos, comemorando o 175.º aniversário da união entre os grupos missionários de Libermann e Poullart des Places, o Papa Francisco afirmou o carisma espiritano como um farol de inclusão intercultural, exortando a Congregação a permanecer corajosa e interiormente livre nos seus esforços apostólicos.
Bagamoyo II sublinha que a convivência intercultural não é um ideal opcional, mas uma expressão vital da espiritualidade espiritana. O Conselho Geral respondeu tornando a interculturalidade um elemento fundamental da Animação da Congregação, reconhecendo que a construção de comunidades enraizadas no respeito mútuo, nos valores do Evangelho e na missão partilhada é urgente e necessária.
Promover comunidades espiritanas interculturais
Para dar vida a este compromisso, o Conselho Geral tomou medidas concretas:
- Formação de lideranças: através de reuniões anuais de novos superiores provinciais e webinars abertos a uma público alargado, os superiores e os seus conselhos são formados na gestão da dinâmica intercultural, na resolução de conflitos e na governança inclusiva (BG II #97–#98, #101).
Envolvimento pastoral: durante as visitas e reuniões da União, os superiores são encorajados a permanecer atentos às riquezas e também às tensões das comunidades interculturais.
- Em alguns casos, o CG interveio diretamente para manter a unidade (BG II #99).
- Foco no futuro: o tema da Fase 3 do Plano de Animação do Conselho Geral (com início em outubro de 2026) centrar-se-á na vida comunitária intercultural, oferecendo materiais e ferramentas de reflexão para implementação local (BG II #100, #104).
- Conselhos diversificados: o Conselho Geral promove o espírito da RVE 170.4, incentivando a representação diversificada na liderança, refletindo a variedade cultural e ministerial da Congregação (BG II #102).
- Missões missionárias: As nomeações internacionais intencionais estão a remodelar o panorama missionário: mais de 74% dos jovens confrades serviram fora das suas circunscrições de origem desde 2021 (BG II #103).
- Experiências de formação: O apoio financeiro e logístico permitiu que quase 70% dos espiritanos em formação experimentassem a missão noutra cultura. As comunidades de formação do segundo ciclo estão cada vez mais internacionalizadas (BG II #105).
Estas iniciativas sinalizam mais do que uma mudança estrutural — elas expressam um caminho espiritual de conversão e transformação comunitária.
Desafios pendentes
No entanto, construir comunidades interculturais não é isento de dificuldades. Como nos lembra a RVE 28.1, a comunidade fraterna é um sinal de que a unidade em Cristo é possível. No entanto, a experiência da vida real revela frequentemente a profundidade das nossas limitações humanas: preconceitos, falhas de comunicação e mal-entendidos culturais continuam a ser comuns.
Em Living Mission Interculturally, Tony Gittins afirma que a confiança mútua e a abertura à conversão interior são essenciais. Toda a cultura tem pontos cegos; a vida religiosa exige um esvaziamento contínuo de si mesmo, à imagem de Cristo, para forjar um terreno comum.
Fase 3: aprofundar o caminho do encontro
Olhando para o futuro, a fase 3 do Plano de Animação do Conselho Geral irá equipar as comunidades espiritanas para aprofundar o seu compromisso com a vida intercultural. Baseando-se em recursos bem testados, irá guiar as circunscrições através de processos de reflexão e transformação. A visão é ousada: desenvolver uma espiritualidade de encontro, hospitalidade, acompanhamento e generosidade enraizada no Evangelho e animada pelo Espírito (BG II #100).
Inspirado na abordagem sinodal encorajada pelo Papa Francisco, o plano promoverá a escuta, o diálogo e o discernimento entre as diferentes culturas. Como observou John Fogarty em 2016, a boa vontade por si só não é suficiente. É necessária uma formação deliberada, diálogo e desenvolvimento de competências para criar o que ele chama de «nova cultura espiritana» — um espaço onde cada membro se sinta visto, ouvido e em casa.
Através desta fase, o Conselho Geral espera fortalecer o testemunho espiritano da fraternidade universal, ecoando Fratelli Tutti em espírito e ação. A interculturalidade não será mais vista como um desafio a ser gerido, mas como um dom a ser acolhido.