Quando pensamos no que o Papa Francisco chama de ‘massacre na Ucrânia’, a parte da Escritura que nos vem à mente é a história da fuga para o Egipto de José, Maria e do Menino Jesus (Mt. 2,13-23). A triste guerra na Ucrânia forçou milhares de pessoas, especialmente mulheres e crianças, a procurar refúgio em vários países europeus e algumas delas estão a ser acolhidas nas casas e paróquias das Circunscrições Espiritanas na Europa. Os nossos confrades na Europa puseram-se ao seu serviço sabendo que, ao oferecer ajuda aos refugiados para sobreviverem e organizarem as suas vidas, estão a ser fiéis ao nosso carisma espiritano. A Regra de Vida insiste neste tipo de apostolado: “Dirigimo-nos de preferência aos oprimidos e aos mais desfavorecidos, individual e colectivamente” (RVE 12); e “consideramos como tarefas particularmente importantes dos dias de hoje, o serviço juntos dos refugiados, dos imigrantes e marginalizados” (RVE 18.1).
Confrontado com as palavras de Jesus que se tornaram realidade: “Tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; era um estranho e destes-me as boas-vindas…. O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes”, os nossos confrades não podem permanecer indiferentes, perante o sentimento de tristeza e impotência dos refugiados ucranianos.
Os espiritanos ao serviço dos refugiados ucranianos
Portugal: A província ofereceu o antigo Seminário Espiritano de Silva-Barcelos, que é hoje um Centro de Espiritualidade Espiritano (CESM), como um refúgio para os refugiados. O Padre Eduardo Miranda Ferreira, o director, define o seminário como um primeiro porto onde os refugiados são acolhidos antes de serem alojados por famílias individuais. O seminário tem 50 quartos com duas camas cada. A 17 de Março, recebeu os primeiros sessenta e nove refugiados ucranianos e a 20 de Março, vinte e cinco refugiados. Na sexta-feira 25 de Março, chegaram outros noventa refugiados, precisamente no dia da consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. A maioria deles são mulheres e crianças.
Para além de alimentos e abrigo, os refugiados precisam de todo o tipo de ajuda, incluindo ajuda espiritual. Disponibilizámos 10 lugares na Torre d’Aguilha.
Suíça: A província foi convidada a disponibilizar o seu antigo seminário menor em St. Gingolph e está a prepará-lo para receber refugiados da Ucrânia. Pequenas salas para famílias, salas para ensinar e brincar (há muitas crianças), quartos, salas de reuniões e uma cozinha e refeitório para cerca de 100 pessoas. Em parceria com os assuntos sociais do Valais, os espiritanos verão como acolher estas jovens famílias da Ucrânia.
Bélgica: A comunidade de Gentinnes acolheu 8 ucranianos, 3 adultos e 5 crianças (dos 3 aos 12 anos de idade).
Beneficiam de salas equipadas, alimentos e acompanhamento para procedimentos administrativos. A comunicação seria difícil sem os tradutores dos smartphones. Todos eles, incluindo os mais jovens, têm smartphones que são muito utilizados, não só para jogos mas também para o ensino à distância.
A comunidade partilha com eles a mesma sala de jantar e cozinha.
Além disso, a comunidade criou e abriu uma sala “à disposição dos ucranianos”, não só “nossa” mas também dos da aldeia e mesmo das aldeias circundantes. Actualmente, cerca de trinta pessoas encontram-se lá. Num anexo, existe também um pequeno depósito para roupas, sapatos e brinquedos. Eles têm a chave para esta sala e gerem-na. É um local de encontro para eles, onde organizam cursos básicos de francês, duas ou três vezes por semana, com a ajuda de voluntários da aldeia.
O canal de televisão local Canal Zoom veio para fazer um pequeno filme sobre este acolhimento.
Como comunidade, também participamos na reflexão e organização dos serviços oferecidos pela comunidade para todos os refugiados acolhidos; esperamos cerca de uma centena.
A chegada destes refugiados ajuda diminuir a idade média da comunidade.
Roma – No Generalato: A comunidade do Generalato recebeu um pedido da diocese de Roma para acolher alguns refugiados da Ucrânia e dado o facto de termos tido alguns refugiados acolhidos no nosso Generalato no passado, demos uma resposta positiva. Ainda aguardamos que a Caritas nos envie alguns.