Na sexta-feira, dia 27 de Junho, o Superior Geral, P. Alain Mayama, apresentou um relatório que orienta os delegados do Conselho Geral Alargado 2025 a revisitar os princípios fundamentais da liderança e da governação na nossa Congregação, refletindo sobre a sua relevância em constante evolução no contexto intercultural e global atual. Enraizada no Concílio Vaticano II e reafirmada pelo Capítulo Geral de 1968-69, a Congregação adotou um modelo descentralizado, onde a subsidiariedade, a participação e a corresponsabilidade moldam a autoridade. O Conselho Geral assegura a unidade, anima a solidariedade e supervisiona a fidelidade ao carisma espiritano, enquanto as circunscrições são encarregadas da implementação local das diretrizes do Capítulo.
No entanto, as realidades em mudança dentro da Congregação — juntamente com os desafios recorrentes de governação em algumas circunscrições — destacam a necessidade de um investimento renovado na qualidade da liderança. À medida que a presença espiritana se expande por diversas culturas e contextos, o apelo torna-se cada vez mais urgente: harmonizar uma visão comum em toda a Congregação com a autonomia necessária que permita a cada circunscrição inculturar autenticamente o carisma dos nossos Fundadores.
Inspirando-se no Padre Libermann e nos Capítulos anteriores, o relatório sublinha que os superiores espiritanos não são meros administradores, mas líderes pastorais — facilitadores da missão, da comunhão e do discernimento. A liderança é um serviço temporário confiado com confiança, que exige humildade, colaboração com os conselhos e abertura à sinodalidade. Um espírito de fraternidade e liderança partilhada é crucial, especialmente para evitar tendências autoritárias.
Embora o Conselho Geral tenha um papel de coordenação e supervisão (RVE 198.1), a vitalidade da Congregação depende muito da colaboração dos Superiores com os seus Conselhos. Infelizmente, algumas Circunscrições experimentam falhas de governação devido a modelos excessivamente hierárquicos, consulta insuficiente ou inexperiência. O relatório salienta que a verdadeira liderança espiritana deve evitar o autoritarismo e dar prioridade ao discernimento, à tomada de decisões partilhada e ao cuidado com a vida comunitária.
O relatório observa que os superiores devem procurar o consenso, incluir todos os membros do Conselho nas discussões — especialmente as vozes reservadas — e permanecer sempre ancorados no carisma espiritano. A qualidade da liderança tem um impacto direto na capacidade da Congregação de realizar a sua missão e viver eficazmente as decisões do Capítulo.
Uma parte significativa do relatório aborda a realidade atual de transição e refundação na maioria das circunscrições, impulsionada por mudanças demográficas e novas expressões da missão, especialmente no Sul global. Em resposta, o Conselho Geral lançou iniciativas de desenvolvimento da liderança, incluindo webinars e programas planeados para Superiores novos e atuais. Estes abrangem aspetos espirituais, administrativos e financeiros da liderança, preparando os Superiores para assumir as suas responsabilidades com competência e cuidado (BG II 138).
No entanto, o relatório expressa preocupação com questões emergentes: líderes inexperientes com dificuldades em colaborar; processos eleitorais mais focados na sucessão do que na visão; transições mal preparadas entre administrações; e acolhimento não planeado de vocações sem estratégias sustentáveis. Muitas circunscrições dependem agora fortemente do Conselho Geral para questões administrativas rotineiras, incluindo gestão financeira e apoio ao pessoal — áreas destinadas à governação local.
Neste contexto, há um apelo crescente para centralizar certas responsabilidades fundamentais na vida da Congregação. Estas incluem, nomeadamente, a área da formação e a nomeação de Superiores em circunscrições mais pequenas que apresentam uma capacidade de liderança limitada ou sinais evidentes de imaturidade na vida religiosa. Nesses casos, um processo consultivo para a escolha dos Superiores, conforme previsto no RVE 165.1, pode revelar-se mais adequado do que proceder a eleições (RVE 165.2), garantindo uma maior supervisão e prudência pastoral.
Em última análise, o relatório apela a uma renovação da liderança espiritana — uma liderança participativa, discernidora e espiritualmente fundamentada.
A liderança não é apenas uma competência administrativa, mas uma vocação de serviço, que visa manter a fidelidade à missão e promover a fraternidade enraizada no Evangelho. Os últimos Capítulos Gerais têm dado ênfase ao reforço da autoridade do Conselho Geral para responder às crescentes responsabilidades em matéria de formação, finanças e governação. Bagamoyo II reafirmou esta necessidade, conferindo ao Conselho o poder de garantir o cumprimento da Regra de Vida, do Guia para a Formação Espiritana e das decisões do Capítulo.
O incumprimento persistente por parte de alguns superiores levou o Conselho a considerar medidas disciplinares, incluindo advertências ou destituição. Em meio a modelos de liderança em mudança, o Conselho exorta a um novo estilo de liderança — espiritualmente enraizado, sensível ao contexto e governado de forma colaborativa. Recomenda-se a implementação de programas de formação em liderança adaptados para apoiar as circunscrições na reconstrução da capacidade e na promoção da fidelidade ao carisma e à missão espiritana.